Depois de fazer um sucesso estrondoso com o primeiro filme dos Vingadores, a Marvel levou aos cinemas, em 2014, um longa-metragem sem nenhum dos seis protagonistas. Em vez de apostar nos nomes conhecidos, o estúdio resolveu dar um tiro no escuro e lançou Guardiões da Galáxia sem que muita gente soubesse quem eram os personagens. O desastre esperado, porém, não veio. A ótima obra foi um sucesso de público e de crÃtica, e mostrou que a empresa consegue fazer mágica mesmo quando não trabalha com um Vingador. Mas esse “toque de Midas”, que faz um filme ser bom em tudo, não funciona em todos os casos – e Homem-Formiga é um deles.
Não que a obra baseada nas HQs do herói que encolhe e "fala" com formigas não vá explodir nas bilheterias pelo mundo. Afinal, estamos falando da Marvel, o estúdio que conseguiu mais de 1,1 bilhão de dólares com os dois filmes do Thor. Mas assim como essa dupla de longas-metragens, o novo do Homem-Formiga não é exatamente empolgante – apesar superar os dois e de tentar ser algo a mais em alguns momentos.
A história tem como protagonista Scott Lang (papel que Paul Rudd cumpre muito bem), um criminoso recém-saÃdo da cadeia. Mas o personagem não é maldoso – muito pelo contrário, na verdade. Arrependido de roubar, ele pretende mudar de vida. Mas a rotina fora da prisão não é fácil para alguém que já foi encarcerado, e Lang logo precisa voltar aos crimes. E é por causa de seu primeiro assalto após ser solto que ele acaba trombando com um Dr. Hank Pym (Michael Douglas) diferente do que é mostrado nas HQs.
Enquanto nos quadrinhos o cientista é um dos membros fundadores dos Vingadores e também o responsável por desenvolver o robô Ultron, no longa-metragem ele é o gênio criador das partÃculas Pym, que fazem seu usuário encolher. A substância foi descoberta pelo então jovem personagem na década de 80, e, ao menos na obra dos cinemas, fez com que ele assumisse a identidade de Homem-Formiga enquanto ainda estava na SHIELD com o pai de Tony Stark. Mas um evento inesperado fez com que ele deixasse a organização e levasse com ele sua invenção, por considerá-la perigosa.
O vilão Darren Cross com o traje de Yellowjacket
Só que toda essa preocupação para que ela não caÃsse em mãos erradas não adiantou muito. Alguns anos depois, seu pupilo – e também um manÃaco – Darren Cross (Corey Stoll, o Peter Russo de House of Cards como um vilão que poderia ser melhor) começou a trabalhar para idealizar sua própria “partÃcula Pym”, que seria vendida para exércitos. Cabe, então, a Lang e Pym, apoiados pela filha do cientista, Hope (Evangeline Lilly, que faz uma personagem com potencial, mas muito pouco aproveitada nesse filme), o impedirem.
O restante da história não foge muito do esperado. Vemos o ladrão aprendendo a lutar e a controlar as formigas com o capacete de Homem-Formiga, algumas intrigas em famÃlia, provocações e reviravoltas. Cenas de luta também não faltam, mas elas não primam exatamente pelas coreografias como na série do Demolidor, por exemplo. O destaque delas – e de quase todo o resto do filme – está mesmo na forma como a mudança de tamanho do super-herói é retratada. As partes em que Lang encolhe são, de longe, as mais interessantes: os cenários “pequenos” são muito bem feitos, e a “transformação” é mostrada da forma mais natural possÃvel, fluindo bem mesmo quando ele precisa alternar diversas vezes em uma luta.

Não temos a trilha sonora e o carisma dos personagens do primeiro, a história mais densa (e tensa) do segundo, a surpresa do terceiro e nem a megalomania do quarto. Temos apenas um pouco mais do mesmo – que só deve empolgar mesmo os mais fãs da Marvel, graças à s várias referências e à s duas cenas pós-créditos. Não é um filme "errado", mas também não é um acerto em cheio.
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